4 de novembro de 2008

PRESA A TURMA D´O PASQUIM

Já faz 38 anos! Em 13 de dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva havia assinado o AI-5, cassando direitos políticos e fechando o Congresso Nacional. O primeiro e mais importante jornal de oposição ao regime militar depois do AI-5 nasceu em Ipanema. Foi num barzinho na Cinelândia que Jaguar, Sérgio Cabral, Ziraldo, Millôr, Fortuna, Claudius, Prósperi, Luís Carlos Maciel e Tarso de Castro, entre outros, resolveram fundar o semanário "O Pasquim". O primeiro número chegou às bancas em 26 de junho de 1969. Fazia longas entrevistas. A mais polêmica foi a de Leila Diniz, na qual um (*) substituía os 66 palavrões utilizados pela atriz. Foi nessa fase que "O Pasquim" atingiu seu recorde de mais de 200 mil exemplares vendidos. Henfil tinha Os Fradinhos, Jaguar desenhava o ratinho Sig, Luís Carlos Maciel divulgava a cultura hippie... Até que "O Pasquim" publicou uma brincadeira com Dom Pedro, às margens do Ipiranga, no famoso quadro de Pedro Américo. Era o pretexto que os militares procuravam para enfraquecer o nanico jornal opositor. E, em 4 de novembro de 1970, o exército invadiu a redação e prendeu todo mundo. Ficaram presos até o fim do Carnaval. Mas o jornal continuou circulando normalmente, trazendo artigos de dezenas de colaboradores, como Chico Buarque, Rubem Fonseca, Odete Lara, Antônio Callado, Glauber Rocha, Carlinhos Oliveira, quase toda a intectualidade carioca. Acima, a capa do primeiro jornal após a prisão.
Num sábado, enquanto estavam detidos no batalhão de Manutenção do Armamento do Exército, o oficial de dia abriu a grade para Sérgio Cabral e Ziraldo. Acabou oferecendo uma cerveja. Depois, mandou buscar um violão, que acabou nas mãos do sentinela, que, por sua vez, pediu para o Sérgio Cabral segurar a metralhadora. Algum tempo depois, o capitão pediu que parassem com aquilo: "era esculhambação demais", justificou.